quarta-feira, 24 de junho de 2015

Onda de assaltos nos campi da UFU faz com que alunos cobrem maior segurança

Os roubos e furtos frequentes nas proximidades dos campi da Universidade Federal de Uberlândia (UFU) têm assustado alunos e servidores da instituição. O G1 apurou pelo menos três assaltos nesta semana e um mais grave no início do ano, quando a vítima de 18 anos foi sequestrada na primeira semana de aula e levada para um terreno baldio.

O diretor de Logística da UFU, Wesley Marques da Silva, disse que novos investimentos serão feitos para reforçar a segurança. Além disso, outros métodos paliativos também estão sendo realizados no campus Santa Mônica e Umuarama. Já a Polícia Militar (PM) confirmou que não são feitos patrulhamentos dentro da universidade por ser uma instituição federal.

Uma das vítimas é o estudante de Engenharia Elétrica, Augusto Mendes da Costa, de 23 anos. Ele contou que estava em uma área do Santa Mônica com uma amiga quando foram abordados por três criminosos. “Chegaram anunciando o assalto e colocaram uma faca de açougueiro no meu pescoço, pedindo para eu não fazer nenhuma besteira. Levaram nossos celulares e dinheiro. Depois saíram como se nada tivesse acontecido e falaram que vão voltar na UFU para fazer mais desses assaltos. É preciso mais segurança, ter policiamento, porque está complicado”, relatou.

"Saíram como se nada tivesse acontecido e falaram que vão voltar na UFU para fazer mais desses assaltos"Augusto Mendes, estudante

O crime ocorreu na última segunda-feira (22) por volta das 18h30, mas o Boletim de Ocorrência só foi registrado 24 horas depois do fato porque, segundo o aluno, a Polícia Militar se recusou a atender a ocorrência informando que se trata de uma instituição federal e que a reitoria havia proibido qualquer tipo de ação policial. Augusto disse, ainda, que o BO foi feito depois que ele procurou uma nova companhia da PM e ameaçou acionar o Ministério Público Estadual (MPE).

Depois de postar o caso no Facebook, o assunto repercutiu e muitos estudantes da UFU se indignaram com a situação. Um deles chegou a informar ao estudante que, minutos após o assalto dele, viu os três suspeitos cometendo um novo roubo próximo à saída da reitoria, com a faca em punho. No início da noite desta terça-feira (24), um universitário do curso de Engenharia Mecatrônica também relatou ter sido assaltado próximo ao campus.

Aluna foi sequestrada e ameaçada de morte

Uma estudante do curso de Ciências Biológicas, que devido ao medo preferiu não ser identificada, foi assaltada e sequestrada por um criminoso na primeira semana de aula, neste ano. Em entrevista ao G1, ela contou que estava indo para a aula no campus Umuarama, às 7h30 de uma quinta-feira, quando foi abordada pelo assaltante.

“Na hora desesperei, comecei a pedir pelo amor de Deus para ele não me matar. Atravessamos a rodovia e ele não me deixava levantar a cabeça, sempre me ameaçando de morte. Fui parar no meio de um terreno onde ele me fez sentar num tronco, amarrou minhas pernas e mãos e pegou meus pertences da mochila dizendo que chamaria os bombeiros para me resgatar”, detalhou.

A vítima conseguiu se soltar e pedir socorro, porém estava determinada a interromper os estudos. Por ser de outra cidade, pediu para que o pai a buscasse porque trancaria a faculdade. Mas recebeu apoio psicológico e incentivo da coordenação do curso para que voltasse a frequentar as aulas. Alguns meses após o ocorrido, a aluna destacou que continua faltando iluminação, segurança e policiamento dentro da universidade.

Diretor pede policiamento em campus

O estudante Alfredo Henrique, também do curso de Biologia, por pouco não passou por situação semelhante em abril. Ele acompanhava uma amiga ao terminal rodoviário próximo ao campus Umuarama e foi abordado por um assaltante, porém conseguiu correr e despistá-lo.
Bloco da Biologia recebeu sistema de videomonitoramento para tentar inibir o alto índice de crimes próximo ao local, no campus Umuarama (Foto: Caroline Aleixo/G1)

Segundo o professor e diretor do Instituto de Biologia, Kleber Del Claro, ele e o coordenador do curso cobram com frequência soluções da instituição para a questão da segurança. “São assaltos, sequestros, furtos, roubo de carro, gente que bate carteira. Sempre acontecem esses crimes. Nosso curso é o único noturno neste campus, somos os corajosos e nossos alunos correm riscos todos os dias”, desabafou.

O diretor disse que foram instaladas novas câmeras pelo bloco do curso, inibindo um pouco o índice de violência e criminalidade. Contudo, ele reforça a necessidade de ser feito um plebiscito para que a reitoria ouça a maioria dos servidores e alunos que é favor de policiamento dentro dos campi.

PM X UFU

A assessoria de imprensa da PM em Uberlândia justificou que realmente não são feitos patrulhamentos dentro da universidade por ser uma instituição federal. Porém, quando acionados por vítimas ou pela própria universidade, comparecem para o registro de ocorrências. A assessoria não teve conhecimento de casos isolados sobre recusa para registrar ocorrências nestes locais.

O diretor de Logística da UFU explicou que a vigilância patrimonial na universidade é feita por uma empresa terceirizada. Quando algum crime acontece, é feito um boletim interno e, em seguida, os agentes auxiliam as vítimas a acionar a Polícia Militar (PM). “Não há nenhuma determinação ou documento por parte da instituição que proíba a entrada de policiais no âmbito da universidade e sempre que a nossa divisão de vigilância solicitou, foi atendida pela polícia”, disse Wesley.
Roubo e furtos de veículos também são comuns na área do campus Umuarama, segundo diretor do Instituto de Biologia (Foto: Caroline Aleixo/G1)

O problema quanto à iluminação, principalmente no campus Umuarama, é devido a quantidade de árvores e incidência maior de sombras, de acordo com Marques. Por isso, várias lâmpadas já foram trocadas e as copas das árvores podadas frequentemente.

Disse ainda que, neste ano serão instaladas mais câmeras de segurança nos campi. “Temos algo em torno de dez agentes em cada campus trabalhando 24h. Diariamente, um dos agentes faz a ronda noturna visando, também, identificar lâmpadas ou equipamentos de segurança danificados. Hoje temos poucas câmeras para um trabalho mais amplo, mas estamos nos ajustando para fazer novas instalações em breve”.

Fonte: G1 - http://g1.globo.com/minas-gerais/triangulo-mineiro/noticia/2015/06/alunos-da-ufu-pedem-seguranca-devido-onda-de-assaltos-em-campi.html