domingo, 13 de abril de 2014

UFPE amplia vigilância nos três campi A principal mudança é a implantação da vigilância durante 24 horas

No campus Recife, onde já foram registrados assaltos e sequestros-relâmpagos, atuarão 103 vigilantes.

A Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) está ampliando as ações de vigilância nas áreas internas dos campi do Recife, Vitória de Santo Antão e Caruaru. O novo contrato, com a empresa TKS Segurança Privada Ltda, entra em vigor nesta sexta-feira, passando a oferecer os serviços de vigilância armada e armada motorizada e sistema de ronda eletrônica.Os vigilantes estarão distribuídos em 91 postos, espalhados pelos três campi. A principal mudança é a implantação da vigilância durante 24 horas, além do trabalho realizado das 7h às 23h em todos os postos. 

Ao todo, cento e trinta e dois profissionais de segurança fazem parte da operação, somados à equipe da Superintendência de Segurança Institucional da UFPE, que coordena a execução da política de segurança da universidade. No Recife, são 103 vigilantes, entre ostensivos armados motorizados e vigilantes armados. Em Vitória, são oito vigilantes armados. Em Caruaru, são 21 profissionais, entre armados motorizados, motorizado e seis armados. Dezesseis motos são utilizadas neste trabalho. 

No Campus Recife, a área foi dividida em quatro quadrantes, incluindo a área da Reitoria e da Casa da Estudante Feminina, para facilitar a ação da vigilância. O contrato terá a vigência de 12 meses,a contar da data da assinatura, podendo ser prorrogado por igual período, até o máximo de 60 meses. A empresa contratada vai fornecer os vigilantes treinados, motos abastecidas, com quilometragem livre, rádios de comunicação, uniformes e complementos, armas e munição. O preço global  do contrato é de R$ 8 milhões, por ano.

Segundo o superintendente de Segurança Institucional, Armando Nascimento, com a retirada das catracas no Campus Recife, deverão também ser instalados quatro postos nos portões que dão acesso às paradas de ônibus e que apresentem registros de assaltos. A previsão é de que, no decorrer do ano, serão acrescidos mais oito postos com 13 vigilantes no Recife, seis postos com 16 vigilantes em Vitória e cinco postos e nove vigilantes em Caruaru, totalizando 170 vigilantes em 110 postos nos três campi. Pelo contrato anterior, estavam alocados 75 vigilantes em 59 postos.



Sequestros

A medida acontece depois de dois casos de sequestro relâmpago registrados dentro do campus da Universitária, no Recife. No mês de fevereiro, a universitária Fernanda Magalhães, do curso de administração, foi abordada por um homem armado por volta das 19h, no estacionamento do CCSA  e forçada a dirigir o próprio carro até a Avenida Caxangá no posto BR, onde foi acompanhado até o caixa eletrônico e sacou toda a quantia que possuía na conta. Em seguida, o assaltante dirigiu o carro da estudante até o bairro do prado e a deixou na rua. 

No dia 31 de janeiro, uma estudante de economia, de 20 anos, estacionou o carro próximo ao Centro de Ciências Sociais Aplicadas (CCSA), quando o suspeito, que fingia falar ao celular, mostrou uma arma e exigiu que ela entrasse no veículo com ele. Em seguida, a jovem foi obrigada a dirigir até um caixa eletrônico, fora da UFPE, para sacar dinheiro. No total, R$500.Ela foi deixada numa comunidade desconhecida, e o carro levado pelo bandido. 

Alunos da Universidade Federal Rural dizem que "A situação esta deplorável"

"Eu e várias meninas já fomos seguidas por alguma pessoa aqui. Conheço uma menina que foi estuprada e não voltou mais para a faculdade. Também já houve um sequestro lá dentro e, aliás, foi a única vez que vi ação de policiais. Já estudo aqui na Rural há três anos”. Este é o relato de Lívia Leite, estudante de Educação Física na Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro. O depoimento dela é apenas um de muitos alunos que denunciaram ao Jornal do Brasil condições irregulares e casos de violência dentro da universidade. Diante do caos, os alunos contam apenas com promessas, não cumpridas, da reitoria.

Os estudantes relatam que alguns Institutos estão sem aulas devido à má conservação dos prédios. Segundo os alunos, a estrutura está ameaçada, os aparelhos de ar condicionado não funcionam, os caminhos são mal iluminados, não existe segurança dentro do campus, o mato está tão alto que é capaz de esconder criminosos, faltam materiais para ensino, muitos banheiros não podem ser utilizados, e a situação de quem mora nos alojamentos não é diferente. Um dossiê, organizado por alunos da universidade em 2013, aponta que falta até formol e, por isso, animais conservados para estudo estão passando por processo de putrefação. No momento, os alunos estão trabalhando em um novo dossiê, apontando novos problemas.

Infraestrutura

Postes sem iluminação e mato alto mostram o descaso na Reitoria

A principal reclamação dos alunos da UFRRJ é a infraestrutura da instituição. Se por um lado a má conservação dos prédios causou a suspensão de algumas aulas, por outro, a má iluminação e a grama alta facilitam a ação de bandidos dentro do campus e nos arredores.

Thaiany Canal tem 22 anos e cursa Engenharia Química na Universidade. Ela define as condições estruturais da UFRRJ como “precárias” e defende: “Não estamos lutando por coisas absurdas”. Para Thaiany, as reivindicações não são apenas justas, mas também básicas. “Queremos uma rede elétrica decente, água potável e esgoto tratado. Além disso, o calor aqui na UFRRJ é insuportável. O ar condicionado está comprado há alguns anos, mas estão todos parados porque até hoje a reitoria não cumpriu com o prometido do ano de 2010, que foi o ajuste na rede elétrica. Os professores saem da sala de aula pingando e os alunos passam mal. Para se ter uma ideia, nas salas, passa dos 45°C em dias quentes. Fora os ventiladores que, quando funcionam, são ruins”, denuncia.

Melina Cardilo, 21 anos, é estudante do curso de Farmácia. Ela conta que as tentativas de negociação com a reitoria não alcançaram os resultados desejados. “Houve um grande distanciamento entre alunos e reitoria nessa atual gestão. É um descaso total”, conta a aluna. A mesma opinião é compartilhada por Felipe Duriguetto, 22 anos. O estudante de Administração denuncia: “Houve alguns protestos, mas infelizmente sem solução por parte da reitoria. A infraestrutura da faculdade é crítica. Já ouvi relatos de garotas que foram estupradas, pessoas que foram assaltadas e até tentativas de sequestro. A reitoria não se importa com os problemas da Universidade”.

Falta de manutenção nas estradas que cortam o campus já causaram acidentes e machucaram alunos

Diante das condições precárias da instituição, professores foram obrigados a suspender as aulas. Leonardo Defanti, 22 anos, estuda Engenharia Química e conta que seu instituto está paralisado. “Os professores se cansaram de ministrar aulas em situações tão absurdas. Os problemas vão desde a infraestrutura até a falta de segurança, falta de material para aulas práticas e por aí vai. Nem um banheiro descente nós possuímos”, conta.

Alojamentos

A situação dos alojamentos não é diferente do restante da faculdade. Muitos alunos optam por morar nos quartos da universidade devido a dificuldades financeiras. Aqueles que alugam apartamentos fora das dependências da UFRRJ precisam pagar não apenas o aluguel, mas as passagens de ônibus que, em alguns casos, pode chegar a 30 reais, dada a distância do campus. O tempo de viagem é outro fator que leva estudantes a se mudarem para os alojamentos.

Roseane Farias, 22 anos, é estudante de Medicina Veterinária e mora em um dos alojamentos da faculdade. “Não temos nem tanque para lavar as roupas, lavamos em um balde dentro do banheiro, agachadas. Também não tem bebedouro com água potável, dependemos de um funcionário para nos trazer água dentro de um galão. Não existe um guarda para ficar no hall do alojamento e controlar a entrada de pessoas estranhas. As portas do alojamento não têm segurança”, relata.

Alan Azevedo, 24 anos, cursa Engenharia Química e também reclama das condições do alojamento da UFRRJ. “Falta de água, falta de luz, falta de respeito, falta de coleta de lixo regular, falta de estrutura, falta de banheiros, falta de chuveiros... o mundo precisa ver o que está acontecendo por aqui, pois parece que, por ser mais afastada do centro, a UFRRJ ficou abandonada. Qualquer um que venha ao campus poderá notar o estado em que vivemos por aqui”, denuncia Alan.

Manifestação

As condições da universidade causaram a revolta dos alunos, que resolveram protestar. Ligía Miguel, 25 anos, é estudante de Comunicação Social e faz parte do Diretório Central dos Estudantes (DCE) – Gestão por todos os Cantos. Ela conta que a reitoria prometeu realocar as turmas em institutos, mas na segunda semana de aula, as atividades continuam suspensas.

Lígia também reclama da “situação deplorável” de alguns departamentos da universidade. “Com todos esses problemas, que não são recentes, pois a precariedade dos prédios citados já é antiga, os alunos, com a participação de alguns professores se uniram para reivindicar um posicionamento da reitoria em relação ao descaso com a infraestrutura da UFRRJ”, explica Lígia.

Nathan Carlo, um dos organizadores da manifestação, conta que os diretórios estão cobrando da Administração Central medidas efetivas e prazos para solucionar os problemas da universidade: “Vários memorandos foram enviados cobrando uma atitude da reitoria, mas os prazos para respostas nunca foram cumpridos. Assim, os diretórios dos dois prédios se reuniram e mobilizaram, juntamente com os professores, um ‘aulão’ manifestação, como forma de protesto ao atual descaso da reitoria”, explica. Ele conta que os alunos contam como o apoio da Associação dos Docentes da Universidade Rural.

“A reitora recebeu nosso movimento no ‘aulão’, que contou com cerca de 350 alunos, e tivemos uma avaliação positiva de todo o movimento. Alguns professores deram aulas pelo gramado, enquanto outros faziam intervenção junto com alunos na porta da sala de reuniões, onde acontecia uma sessão do Conselho Superior. Esperamos que a resposta seja satisfatória, afinal o período começou dia 26 de março e já temos 13 dias sem aula no instituto”, avaliou.

Resposta da Universidade

Em nota, a Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro se manifestou sobre a suspensão das aulas.

Leia a nota:

“A reitoria da UFRRJ informa que as solicitações coletivas de professores do Departamento de Química desta Universidade, feitas há cerca de uma semana, já estão sendo analisadas e, até o dia 14 de abril, como já havia sido acordado com os referidos docentes, haverá um posicionamento oficial por parte da Administração Central.

É importante observar que o conjunto arquitetônico no qual as aulas, em sua maioria, são ministradas é antigo, da década de 40, tombado, e necessita de atenção especial. Algumas das demandas expostas pelos docentes já estão sendo atendidas, como obras emergenciais nos banheiros e a manutenção do telhado, danificado por um vendaval, ocorrido há cerca de dois meses.

A UFRRJ está dando andamento a processos de manutenção que atenderão não só as solicitações dos professores do Departamento de Química, mas a universidade como um todo. As áreas de abastecimento de água e de energia elétrica são alguns exemplos. Como instituição pública, no entanto, necessita seguir protocolos que demandam algum tempo”.

* Do Projeto de Estágio do Jornal do Brasil