sexta-feira, 8 de novembro de 2013

Atuação da Polícia Militar em universidades federais cresce a cada ano

Preocupação com crimes leva universidades federais do interior de Minas a fechar parceria para manter policiais militares dentro dos câmpus, sob crítica de estudantes
Viaturas, homens armados e câmeras de monitoramento passam a fazer parte da rotina não apenas da Universidade Federal de Ouro Preto, mas também de outras federais no interior de Minas. A preocupação com a segurança e a ocorrência de crimes nos câmpus põem policiais militares permanentemente nas universidades de Lavras (Ufla), no Sul do estado, e de Viçosa (UFV), na Zona da Mata. Em Uberlândia, no Triângulo Mineiro, a Justiça Federal determinou a liberação de espaço no câmpus para instalação de postos permanentes da PM, mas a decisão ainda está sendo analisada pelo departamento jurídico da instituição.
Militares atendem ocorrência no câmpus da Universidade Federal de Viçosa, na Zona da Mata. Presença policiai será cada vez mais frequente para prevenção e combate a crimes

O alerta da violência foi acionado em Lavras há três anos, quando dois vigilantes de uma agência bancária dentro da Ufla foram feitos reféns durante assalto. Depois disso, a reitoria fechou parceria com a PM para criação de um posto policial comunitário no câmpus, onde, desde junho de 2011, seis agentes se revezam em duplas com o apoio logístico de quatro motos e uma viatura. A universidade montou uma central de videossegurança, com 228 câmeras monitorando a rotina das 12 mil pessoas que circulam diariamente pela instituição de ensino.

Em Viçosa, a segurança está nas mãos de policiais que trabalham num ponto de apoio dentro do câmpus e de vigilantes terceirizados, que têm suporte de 200 câmeras de monitoramento e 300 centrais de alarme. “Temos parceria com a PM, que circula pela universidade e entorno. Além disso, temos vigias em no quadro de funcionários. Essa presença ostensiva dá sensação de segurança ao câmpus, que tem 400 mil metros quadrados de área construída e uma comunidade de 20 mil pessoas”, afirmou o diretor de Logística e Segurança da UFV, Belmiro Zamperlini.

Na Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), a violência não é considerada desafio pela reitoria. Apesar disso, duas licitações estão em andamento: uma para compra de viaturas e motocicletas e outra para aumento do número de vigilantes armados terceirizados. “Sem dúvida, não há delitos graves no câmpus. Eventualmente, há furtos de celulares e acidentes de trânsito, mas não roubos ou homicídios. Por isso, não há parceria com a PM e não vemos necessidade. Os vigilantes terceirizados e nossos servidores preenchem todas as lacunas”, informou o secretário de Segurança da UFJF, José Carlos Tostes.

A UFMG tem convênio que garante a presença permanente de PMs no câmpus da Pampulha, com rondas diárias com carros e cavalos. A reitoria anunciou em maio que estava em processo de licitação um sistema de monitoramento das entradas e saídas de veículos, por meio do qual o motorista seria obrigado a se identificar na portaria para ter a entrada liberada. A expectativa era de que o sistema começasse a funcionar neste mês, 24 horas por dia, o que ainda não ocorreu. A instituição também previa a instalação de mais de 200 câmeras de vigilância, além das 535 que existiam, mas não informou se isso foi feito. Procurada pelo EM, a UFMG não se pronunciou sobre a questão. 

A União Nacional dos Estudantes (UNE) é contrária à presença da PM em universidades. “Há medidas mais eficazes, como a melhoria da iluminação e a contratação de mais seguranças. Muitas vezes policiais se utilizam de formas repressivas, violentas. Eles podem cometer abusos, parar e constranger qualquer estudante”, afirma o vice-presidente da entidade, Mitã Chalfun.

SEM PREJUÍZO

A presença da PM não causa qualquer prejuízo à vida universitária, na avaliação do chefe do Comando de Policiamento Especializado, coronel Antônio de Carvalho Pereira. “É claro que o ambiente acadêmico tem peculiaridades. Algumas pessoas acham que a presença policial é contrassenso, mas a polícia tem relação muito tranquila com as federais”, afirmou.

Sem policiamento constante, as instituições de ensino podem se tornar “ilhas” desprotegidas, alertou o oficial: “As universidades públicas são locais de livre acesso, com uma comunidade muito grande. Viram ilhas onde bandidos aproveitam para se esconder ou praticar crimes”. Ele contesta a ideia de que vigilantes próprios ou terceirizados sejam suficientes para garantir a segurança: “Os infratores respeitam mais a polícia do que vigilantes, que geralmente têm pouco treinamento e missão diferente, mais voltada à defesa do patrimônio”.

SEGURANÇA NAS FEDERAIS


UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS (UFMG)

» Convênio garante presença permanente de PMs no câmpus, rondas diárias com viaturas e cavalos. Câmpus tem mais de 600 porteiros em horários distintos e mais de 300 vigilantes, além de ao menos 535 câmeras em toda a área da universidade. Em maio, a UFMG informou que abriria licitação para instalar vigiar 24 horas por dia a entrada e saída de veículos, cujo sistema passaria a funcionar neste mês, e implantaria 268 câmeras.

UNIVERSIDADE FEDERAL DE LAVRAS (UFLA)
» Câmpus tem um posto policial comunitário desde 2011. São seis militares se revezando em duplas, com apoio de quatro motocicletas e uma viatura. Conta ainda com uma central de videossegurança com 228 câmeras em pontos estratégicos


UNIVERSIDADE FEDERAL DE VIÇOSA (UFV)
» Câmpus tem ponto de apoio da PM desde o início do ano. Conta também com sistema de monitoramento com 200 câmeras, sendo 14 de alta resolução, e 300 centrais de alarme com equipamentos instalados em 1,2 mil pontos estratégicos
UNIVERSIDADE FEDERAL DE UBERLÂNDIA (UFU)
» Câmpus tem sistema de vigilância interna com servidores efetivos, além de funcionários terceirizados para a guarda patrimonial. E está em andamento projeto de vigilância eletrônica com câmeras. Está em análise a notificação da Justiça Federal para que a instituição instale postos permanentes da PM, a partir de ação civil pública apresentada pelo Ministério Público.
UNIVERSIDADE FEDERAL DE JUIZ DE FORA (UFJF)
» Câmpos conta com 35 vigilantes da instituição e uma empresa de vigilância terceirizada. Licitação em curso para aumentar número de vigias, comprar mais viaturas e motocicletas. Até o fim do ano, iniciará canteiro de obras para instalar sistema de monitoramento por vídeo.
UNIVERSIDADE FEDERAL DE OURO PRETO (UFOP)
» Câmpus conta com cerca de 25 vigilantes da instituição e 12 de uma empresa terceirizada. A escola quer instalar câmeras em pontos críticos, quatro delas até o início de 2014, nos acessos do câmpus. A reitoria quer que a PM faça rondas diárias.

Fonte: em.com.br