sábado, 23 de fevereiro de 2013

Após assalto a carro-forte em campus, alunos da Ufba listam pontos críticos


Universidade Federal da Bahia pretende instalar catracas para controlar acesso aos campi

22.02.2013



Mais de 500 vigilantes, 400 câmeras e R$ 19 milhões anuais investidos em segurança. Os números, no entanto, não diminuem o medo e a sensação de insegurança de estudantes que circulam pelos 320 mil metros quadrados de área construída da Universidade Federal da Bahia (Ufba). A área equivale a mais de 120 campos de futebol.

Se, quarta-feira, seis homens armados renderam funcionários de uma empresa de segurança e levaram R$ 100 mil que iriam abastecer um terminal do Banco do Brasil no Pavilhão de Aulas da Federação I (PAF I), em Ondina, pequenos roubos e furtos ocorrem sem alarde nos três campus da instituição.

Alunos e funcionários ouvidos pelo CORREIO enumeraram 13 pontos críticos dos campi e quais estratégias adotam para se prevenir. Andar em comboio, pegar carona e evitar certos pontos dentro da universidade ou do entorno, mudar o itinerário para evitar as escadas são algumas das tentativas de proteção. 
A universidade não informou o número de ocorrências dentro da instituição.
Escada da Politécnica é um dos locais apontados como críticos (Foto: Rafael Martins)

“Não temos os números agora, mas a estatística é compatível com a universidade, onde circulam mais de 30 mil pessoas por dia”, explicou Lafaiete Cardoso, assessor da Reitoria para assuntos de segurança.

Na vizinhança
Em Ondina, a Praça das Artes (entre os PAFs e a biblioteca) é apontada como perigosa à noite. Foi lá que ocorreu o assalto ao carro-forte por volta de 10h de quarta-feira. Alguns alunos, como Mateus Tavares, 23 anos, ressaltam que o mais preocupante está mesmo nas áreas que circundam a instituição, e não dentro dela.

“O perigo está mais no caminho até chegar à universidade, como na Estrada de São Lázaro”, diz o aluno de Ciências Sociais. Tem estudantes que pedem ajuda aos colegas. “As meninas pedem companhia para descer para Ondina [saindo de São Lázaro], porque elas são os maiores alvos”, diz Saul Carlos Corte, 25.
Carro-forte chegou para abastecer terminal do Banco do Brasil, em Ondina (Foto: Evandro Veiga)

Aluna de História, Mariana Batista, 21, aponta as escadas como as áreas de maior risco. “Me sinto insegura na subida da Faculdade de Educação (no Canela)”, diz ela, citando também, as escadas da Politécnica (Federação), de São Lázaro e na área da Faculdade de Geofísica (Federação).

Com vegetação alta, a área posterior à Faculdade de Dança é outro exemplo de local evitado por alunas, principalmente à noite. Parte da fama ruim do local ainda existe por conta de um estupro ocorrido ali, em agosto de 2008.

Baixo Registro
A delegada Jorvane Andrade dos Santos, titular da 7ª Delegacia, que cobre a área da Ondina e da Federação, diz que os registros de ocorrências relacionados às áreas da Ufba são pequenos. “Em um ano, esse (o roubo ao carro-forte) foi o segundo de que tive conhecimento; o outro foi a um transeunte”.

Universidade pretende instalar catracas
A Ufba estuda a possibilidade de implantar um sistema de identificação eletrônica dos estudantes, que vai ter acesso aos campi através da leitura de cartões magnéticos em catracas.

De acordo com o assessor da Reitoria para assuntos de segurança, Lafaiete Cardoso, a licitação deve ser publicada este ano. Outra novidade prevista é a instalação de um sistema de registro de ocorrência online — que permitiria em tempo real a centralização na coordenação de segurança.

Cardoso afirma que entre as ocorrências mais comuns estão roubos de celulares e equipamentos.

A Ufba tem uma parceria com a PM, que patrulha a periferia dos campi. Para alguns alunos é pouco. “Em curto prazo, a solução seria a PM dentro do campus, mas isso é impossível. Há resistência de estudantes usuários de drogas. Eles não aceitam. E tem a questão do tráfico, que também rola aqui dentro, todo mundo sabe disso”, afirma o estudante de Geografia Danilo Mourantino, 27 anos.

Fique esperto:

Ondina 
Praça das Artes; Escola de Dança; via que liga a entrada principal do campus de Ondina aos PAFs; ponto de ônibus em frente ao PAF I. 

Federação 
Escada da Faculdade de Arquitetura; escada da Politécnica; Estrada de São Lázaro; escada de São Lázaro, sentido Ondina.

Vale do Canela 
Escada de acesso para a Faculdade de Educação; escada entre as faculdades de Educação e de Direito; pontos de ônibus em frente à Faculdade d

Graça 
Ruas da Paz e Conde Filho (acesso à Faculdade de Direito).


Aluna da UnB leva chutes, soco e é chamada de "lésbica nojenta" no câmpus


Polícia e reitoria investigam agressão ocorrida na segunda-feira no estacionamento da universidade

iG São Paulo | 22/02/2013



A Universidade de Brasília (UnB) abriu sindicância para apurar a agressão sofrida por uma aluna do 5º semestre de Agronomia no estacionamento do Instituto Central de Ciências (ICC), no campus Darcy Ribeiro, na última segunda-feira (18). Segundo relatou a jovem, que registrou ocorrência policial, ela foi empurrada e levou vários chutes no corpo quando abria a porta do carro, às 17h. O agressor, que a chamou de "lésbica nojenta" fugiu, após ter dado um soco em seu rosto.
Ferida, com o nariz sangrando, a estudante foi dirigindo até sua casa, onde foi socorrida pela mãe, que a levou ao hospital mais próximo. Na quinta-feira (21), elas foram até a reitoria da universidade entregar a ocorrência e relatar os fatos.
“Não consigo pensar, sair de casa. Estou com medo”, afirmou com os olhos marejados, a perna esquerda engessada, o braço direito enfaixado, o rosto com hematomas e o corpo apoiado sobre muletas.
Uma comissão da universidade terá 30 dias para levantar informações que possam ajudar a esclarecer a agressão, como o contexto em que ocorreu, a ação da segurança, se houve e o que dizem as testemunhas e até identificar o autor. Funcionários da Prefeitura do câmpus já estão levantando as imagens registradas pelas quatro câmeras de vigilância instaladas no estacionamento da Ala Sul do ICC, onde a agressão se deu.
Agentes da Delegacia e familiares da estudante afirmaram que a Polícia já tem um suspeito. Na tarde da quarta-feira, a vítima foi ao Instituto de Criminalística produzir o retrato falado do agressor. Os investigadores acreditam que o criminoso sabia quem é aluna.
O Diretório Central dos Estudantes (DCE) e o Grupo de Trabalho de Combate à Homofobia na UnB divulgaram notas de repúdio à agressão sofrida pela estudante e realizaram um protesto nesta sexta-feira. “É inaceitável que atos de homofobia ainda ocorram em nossa sociedade. A universidade é o templo da livre expressão da vontade e não de arcaísmos de qualquer ordem”, afirma o professor da Faculdade de Educação José Zuchiwschi, coordenador do GT. “Buscamos uma UnB e uma sociedade na qual os indivíduos não sejam julgados pela sua classe, pelo seu gênero, pela sua orientação social ou pela cor da sua pele”, diz a nota do DCE, que organizará, de 15 a 19 de abril, a Semana da Tolerância e Diversidade.
Uma amiga da estudante agredida, aluna de Engenharia Florestal, relatou, enquanto aguardava o depoimento da amiga à reitoria, casos de ofensas verbais que presenciou nos últimos meses no câmpus em consequência de orientação sexual. “Agressões e homofobia estão virando rotina”, afirma. “Estamos indignados e esperamos providências. É preciso garantir as condições para coisas assim não ocorram”, desabafa outra amiga da vítima, aluna de Química, que também a acompanhou à reitoria.
A decana de Assuntos Comunitários da universidade, Denise Bomtempo, anunciou nesta sexta que até abril será criada a Diretoria da Diversidade com o propósito de definir políticas de respeito à cor e à orientação sexual e prevenção à violência, além de combate ao preconceito.
*Com informações da UnB Agência