segunda-feira, 23 de abril de 2012

Ex-chefe da PF em AL diz que combateu o roubo: ‘RESPONSABILIZEI QUEM DESCUMPRIA AS REGRAS’

POLÊMICA. Alguns policiais e servidores festejaram troca de comando.

Leia a entrevista com o ex-chefe da PF de Alagoas:

“Eu não sei exatamente do que estou sendo acusado, porque eu fiz um trabalho sério o tempo todo, totalmente responsável. E se há alguma insatisfação deve ser por que eu não deixei roubar e não roubei. Fui vigilante o tempo todo para que isso não acontecesse. E no menor indício de que poderia acontecer isso, ou descambar para esse ponto, eu já agi responsabilizando pela conduta, por menor que ela fosse. Outra situação: eu cobrei efetivo trabalho, e trabalho de qualidade o tempo todo. E responsabilizei todos, sem exceção, que descumpriram as regras. A minha equipe está muito satisfeita com o trabalho que realizou”.

‘HÁ 92 INVESTIGAÇÕES EM ANDAMENTO NO ESTADO’

“Nos dois anos que estive à frente da Polícia Federal em Alagoas, eu sempre ouvi dizer que o número de operações aumentou, o número de prisões aumentou, o número de indiciamento de pessoas responsabilizadas pela prática de crimes aumentou. O nosso trabalho, da minha equipe, não respeitou a posição de pessoas, a não ser para buscar o foro competente. Foi um trabalho altamente técnico, estratégico, porque algumas situações daí do estado de Alagoas... Eu infelizmente não posso revelar, por causa da questão do sigilo. Mas posso dizer que quando saí eu deixei 92 investigações a respeito de gestores públicos do estado de Alagoas. Essas investigações estão em andamento e elas terão frutos no seu tempo oportuno, independente de eu estar aí ou não. Quando elas estiverem maduras serão apresentadas à sociedade. Mas o trabalho sério foi realizado e está sendo realizado. E com certeza o novo superintendente está dando sequência a isso. Eu só fico imaginando que quem está reclamando deve ser um desses que foram colhidos aí na linha de responsabilidade”.

A CAUSA DO “MOTIM” DOS SERVIDORES DA PF

“Outra questão que talvez seja motivo de grande descontentamento, principalmente por parte dos [servidores] administrativos, que não são policiais, é que na superintendência da Polícia Federal em Alagoas existia um depósito onde nós tínhamos pólvora. E pólvora todo mundo sabe que pode explodir a qualquer momento. A existência dessa munição justificava o pagamento de adicional de periculosidade da ordem de 30%. Como administrador, era minha responsabilidade minimizar o risco. Eu eliminei o risco. Ou seja, tirei a pólvora, tirei o risco e consequentemente todos os funcionários administrativos e os terceirizados já não faziam mais jus ao recebimento desse adicional. Consequentemente, eles acabaram perdendo algum dinheiro. Eu não poderia agir de outra forma como administrador e responsável. Porque poderia haver uma explosão, seriam vidas que estariam em jogo, e entre a vida e a redução do ganho, é claro que eu preferi a segurança, tirando a pólvora dali. Então, eu atribuo toda essa movimentação aí a esse fato financeiro. E também ao fato de eu ter sido bastante rigoroso no cumprimento de horário, na efetiva execução do trabalho com qualidade”.

‘CORTE DE RECURSOS TROUXE PREJUÍZOS’

“O contingenciamento de recursos [na Polícia Federal] trouxe alguns prejuízos. Mas o nosso trabalho teve como prioridade ser estratégico. Então, se eu tinha que movimentar um agente para determinada região, ele ia para executar aquele trabalho e mais uns três ou quatro outros. Ou seja, a equipe de administração otimizou os trabalhos. Só que o resultado disso foi que o servidor acaba fazendo mais trabalho com menos recursos. Ele recebe menos e aí há um impacto financeiro pra ele [o servidor]”.

O CURSO NA ESCOLA SUPERIOR DE GUERRA

“O curso aqui reúne alunos de diversos órgãos como a Marinha, Exército, Aeronáutica, Ministério Público, Judiciário Federal e Estadual. São lideranças de diversos órgãos que estão aqui reunidas no Rio de Janeiro sob o patrocínio do Ministério da Defesa, para estudar problemas do Brasil. Da Polícia Federal são três superintendentes que foram indicados diretamente pelo diretor-geral da PF, para contribuir nesse estudo. Foram os superintendentes de Alagoas, da Bahia e do Pará. Nós três estamos fazendo esse curso”.

PROCESSOS DISCIPLINARES NA PF EM ALAGOAS

“Pra mim, é indiferente o número de processos administrativos. Se o número é significativo ou não significativo. Se o evento ocorreu, se o servidor descumpriu a regra, cometeu a infração, ela então tem que ser apurada. Não interessa se existem dez ou vinte [processos], isso pouco importa. Esses números podem ser obtidos porque eles são dados estatísticos. Eles podem ser levantados a qualquer tempo. Tem todos os registros no próprio sistema da Polícia Federal, inclusive quantos procedimentos administrativos foram instaurados e quantos resultaram efetivamente em punição. Porque procedimento disciplinar é instaurado para verificar uma situação, que pode se comprovar ou não. Se comprovado, o servidor foi responsabilizado. Disso não tenha dúvida”.

SOBRE O PANAMERICANO, RODOLEIRO E AFINS

“As investigações estão em andamento, posso garantir isso. Mas não posso entrar em detalhes por causa do sigilo necessário”. 

Fonte: Gazeta de Alagoas
Enviado por: Paulo Prestes - UFPEL