segunda-feira, 19 de dezembro de 2011

Antes da reportagem do dia 19 de dezembro, a reportagem da revista Veja revelou o esquema de venda de vagas nos órgãos públicos

'Comprei uma vaga de trabalho por 4 000 reais'

Empresa que mantém contrato com órgãos federais vende postos de trabalho. Para negociar os cargos, diretores da terceirizada forçam demissões

Nos últimos anos, órgãos públicos têm repassado a empresas privadas tarefas colaterais, como a segurança e a limpeza de prédios. Em teoria, a opção tem tudo para trazer eficiência e economia ao serviço público. Na prática, a falta de fiscalização favorece a corrupção. O site de VEJA relata um desses casos, envolvendo a Patrimonial, uma empresa com sede na região central de Brasília e especializada em fornecer mão de obra terceirizada para o setor público e privado. No portfólio de funcionários estão copeiras, ascensoristas, motoristas e mensageiros, mas o forte da Patrimonial são os seguranças. Trata-se de um esquema primário: a venda de vagas de vigilantes em órgãos públicos com as quais a companhia tem contratos. E é bom lembrar: em última análise, os salários dos terceirizados são pagos com recursos públicos.
Um dos beneficiados pelas fraudes falou à reportagem. É Agreny Farias, de 24 anos. Em 22 de abril de 2010, uma sexta-feira, ele pagou 4 000 reais em dinheiro a um segurança da empresa, um intermediário de dois funcionários da companhia ligados à escolha de pessoal, identificados apenas como Wander e Santos. O primeiro seria diretor-geral da companhia. O segundo, diretor operacional de órgãos públicos. Os dois são alvo de uma investigação do Ministério Público do Trabalho e foram citados pelos três trabalhadores ouvidos pelo site de VEJA. Wander e Santos encontraram-se por várias vezes pessoalmente com os trabalhadores. O crachá da Patrimonial que portavam trazia apenas esses nomes. A empresa recusou-se a prestar qualquer informação à reportagem.
O fato é que, na segunda-feira depois de falar com Wander e Santos, Agreny estava empregado. A função: agente de segurança. O salário: 1 600 reais mais benefícios.  Do total pago, 25% ficava com o agenciado. O restante era repassado à dupla de diretores. Nem tudo saiu como Agreny planejava: ele acabou movido de posto seguidamente. E mudou de órgão três vezes: passou pelo Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit) e pela Infraero antes de ser levado à Universidade de Brasília (UnB). Quem compra a vaga no esquema não sabe em que órgão vai parar. 
Com as transferências constantes de lotação, os responsáveis pelo esquema evitam que o funcionário seja efetivado no posto, o que dificultaria uma posterior demissão. Agreny reclamou: exigiu ser alocado em um posto fixo. A partir daí, ele conta, começou a ser vítima de assédio moral. "Eles queriam me intimidar", relata. A demissão viria 16 meses após a contratação. "Quando eu fui demitido, eles alegaram insuficiência de vagas. Mas havia umas quarenta pessoas sendo contratadas", conta.
O pagamento, de acordo com ele, se deu em um local público: "Entreguei os 4 000 reais em dinheiro vivo. O intermediário me disse que eu teria uma resposta em um ou dois dias", relata Agreny. “Sessenta por cento das pessoas que entram na Patrimonial são de vagas compradas”, diz. De acordo com ele, existem vários intermediários que negociam os postos, todos comandados por Wander e Santos. Hoje, aliás, o preço da vaga teria subido para 5 000 reais.
Limpeza - A Patrimonial tem cerca de 2.000 funcionários. Só na Universidade de Brasília, são 800 agentes de segurança. Boa parte dos postos é ocupada por funcionários herdados de outras empresas, já que a troca de companhias é comum na área e os antigos funcionários costumam ter preferência. O contrato da Patrimonial com a UnB acaba de ser renovado. E os diretores da companhia já anunciaram que, nas próximas semanas, vão substituir, em uma só leva, grande parte dos seguranças da UnB. 
Isso porque, para ocupar o posto, os operadores do esquema precisam primeiro liberar as vagas. Claudia Cristina Santos, que trabalhava na UnB, conta que foi demitida para dar espaço ao esquema. Um dos artifícios usados por Wander e Santos foi tentar dispensar cerca de 25 vigilantes mulheres, alegando que a empresa não trabalha com funcionárias do sexo feminino. A argumentação não faz sentido, já que alguns serviços só podem ser feitos pelas mulheres.
De acordo com Claudia, funcionários da universidade a aconselharam a desistir das denúncias para reaver o cargo. Ela esteve também com o deputado distrital Chico Vigilante (PT-DF) e com representantes do Sindicato da categoria. Mas nada adiantou.
Perseguição - Também lotada na UnB, Josefa de Moura teme ser demitida. Ela teve de sair da faculdade que cursava, foi transferida de uma unidade da UnB próxima de casa para uma outra, distante 30 quilômetros de onde mora e acabou escalada para uma função que a obriga a puxar um pesado portão. Resultado: entrou em depressão e lesionou ombro. Agora, está de licença médica e acredita que vai perder o cargo.
"De junho para cá, minha vida não é mais a mesma", diz Josefa. Ela afirma que o seu caso, semelhante ao de vários colegas, tem ligação com a venda de vagas: para o esquema criminoso, quanto mais demissões, melhor.
A denúncia já chegou ao Ministério Público do Trabalho, que investiga o caso. A Universidade de Brasília informou ao site de VEJA que Davi Diniz, assessor especial da reitoria, falaria sobre o caso. Diniz não atendeu as ligações até a publicação desta reportagem. A empresa Patrimonial negou-se a prestar qualquer informação ao site de VEJA.
Fonte: Veja.com.br

Venda de vagas em órgãos federais do DF segue a todo vapor

Duas semanas após o site de VEJA revelar o esquema, outros dois vigilantes confirmam: compraram um emprego em órgãos do governo

Há duas semanas, o site de VEJA revelou o funcionamento de um esquema de venda de vagas de vigilantes em órgãos públicos federais. A ilegalidade é operada dentro da Patrimonial, empresa que oferece mão de obra para ministérios, estatais e para a Universidade de Brasília. Agora, surgem mais duas pessoas que admitem ter alimentado o esquema. A história relatada é idêntica: intermediários, que também trabalham para a Patrimonial, são encarregados de recolher os recursos - o preço, que era de 4 000 reais, chega atualmente a 5 000. O pagamento é  feito em dinheiro vivo e a contratação se dá dias depois. O atravessador fica com uma pequena parte do dinheiro. O restante é repassado a dois diretores da empresa: Pedro dos Santos Lira, que comanda a área operacional, e Wander Silvano de Queiroz, responsável pelos contratos de vigilância.
Uma das pessoas ouvidas pelo site de VEJA ainda trabalha na Patrimonial e prefere manter a identidade sob sigilo. A outra decidiu mostrar o rosto: é Edivandro Rodrigues. Ele comprou uma vaga por 5 000 reais. Recebeu a garantia de que iria trabalhar no horário noturno. Mas o acerto não durou muito tempo. O vigilante ficou um mês no Ministério da Justiça e outro na Infraero. No terceiro mês, teve o horário alterado: a nova escala se chocava com o outro emprego de Edivandro. A intenção era forçar a saída do funcionário para liberar a vaga e vendê-la de novo. Os apelos a Wander não funcionavam. Edivandro teve de deixar o cargo.
O vigilante havia feito um empréstimo para conseguir entrar no esquema: "Paguei 5 000 e estou devendo é 8 000. Essa máfia existe e todo dia coloca gente na Patrimonial. A jogada é colocar as pessoas e mandam embora meses depois", descreve Edivandro. Quando comprou a vaga, Edivandro entregou o dinheiro a Wilson Arruda, vigilante do Ministério da Justiça. Depois do acerto, o intermediário parou de atender aos telefonemas. Ficaram o prejuízo e o arrependimento.
Aviso prévio - Outro personagem ouvido por VEJA diz que prefere não se identificar. Ele está no cargo desde abril de 2010. Mas já recebeu o aviso prévio e deve ser demitido em breve. Na época, o vigilante diz ter pago 4 000 reais pela vaga. "Eles pedem para entregar o dinheiro junto com o curículo. O pessoal do RH não sabe do esquema", conta. O agente de segurança faz uma estimativa que coincide com a avaliação feita por um personagem da primeira reportagem do site de VEJA sobre o caso: "De cada dez vigilantes que eles precisam, pelo menos cinco ou seis entram por esse esquema".
Pedro dos Santos Lira é apontado como operador do esquema
Se as contas estiverem certas, o esquema se transformou numa máquina milionária: a Patrimonial tem cerca de 2 000 funcionários, a maior parte deles na área de vigilância. A companhia também fornece mão de obra na área administrativa. E mantém contratos com órgãos importantes do governo federal: além da Infraero e do Ministério da Justiça, a empresa cede trabalhadores para órgãos como a Caixa Econômica Federal, a Polícia Rodoviária Federal, a Universidade de Brasília e o Senado Federal.
O Ministério Público do Trabalho já investiga o caso. O Sindicato dos Vigilantes também tomou conhecimento de casos semelhantes. Moisés da Consolação, um dos diretores da entidade no Distrito Federal, diz que há relatos de irregularidades semelhantes também em outras empresas: "Isso chegou até nós e estamos apurando", diz ele.
Silêncio - Os apontados como responsáveis pelo esquema ilegal optam pelo silêncio. A Patrimonial não se pronuncia. Talvez porque Pedro dos Santos Lira, que gosta de se exibir em lanchas no Lago Paranoá, é o número 2 da companhia, abaixo apenas do proprietário. Wander Silvano de Queiroz mantém contato direto com os vigilantes e é responsável por desocupar as vagas para manter o processo de venda. Um método que, até agora, não dá sinais de que que vai ter fim.
Fonte: Veja.com.br
Por: Gabriel Castro
19/12/2011

Estudantes da USP protestam contra expulsão de alunos

19/12/2011 COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
FONTE: Folha.com


Alunos da USP fazem na tarde desta segunda-feira um ato em frente a reitoria da universidade contra a expulsão de seis estudantes da universidade sob acusação de terem ocupado salas do Coseas (Coordenadoria de Assistência Social) em março de 2010.


A USP diz que 50 pessoas estão concentradas na frente do prédio da reitoria desde às 13h30. Já o DCE (Diretório Central de Estudantes) da USP afirma que são cerca de 150 no protesto contra a decisão do reitor, João Grandino Rodas.

Segundo o diretor do DCE, João Victor Pavesi de Oliveira, os estudantes se reuniram no último sábado (17) e decidiram pela realização do ato em repúdio que acontece nesta tarde.

Os alunos expulsos estão montando uma equipe de advogados para entrar na Justiça contra a decisão do reitor, de acordo com Oliveira.

"Essa decisão é mais uma evidência de que o projeto implantado na universidade é contrário a qualquer movimentação política que questiona a ordem estabelecida", disse Oliveira.

EXPULSÃO

A expulsão foi publicada neste sábado nas páginas do "Diário Oficial" de São Paulo, após processo administrativo disciplinar movido pelo Coseas contra os alunos.

Segundo o despacho do reitor Rodas, foram desligados da universidade dois alunos da ECA (Escola de Comunicação e Artes) e quatro alunos da FFLCH (Faculdade de Filosofia Letras e Ciências Humanas).

Ao todo treze alunos foram processados; cinco foram absolvidos por falta de provas e outros dois foram julgados culpados, mas não fazem mais parte da universidade.

Os alunos foram punidos por uma suposta participação na invasão do bloco da sala da assistência social, localizado no Bloco G da universidade, feito por um grupo de alunos moradores do Crusp que reivindicavam, entre outras coisas, a melhoria nas condições de moradia e o aumento do número de vagas no conjunto residencial da universidade.

Intitulado "Moradia Retomada", pois as salas pertenciam originalmente ao Crusp, a ocupação causou a mudança da sede da assistência social. Alguns estudantes passaram a morar nos blocos ocupados, após a devolução dos bens públicos e pessoais que estavam dentro do prédio. Mesmo após uma ordem de reintegração de posse dada pela Justiça, a situação não foi resolvida.

O reitor da USP, João Grandino Rodas, afirmou que a expulsão dos alunos da universidade aconteceu porque não houve uma "simples ocupação" a sede da Coseas (Coordenadoria de Assistência Social) em 2010, mas "ações graves" --como sumiço de documentos.

A expulsão teve como base o artigo 249, IV, do Regimento Interno da USP, instaurado por decreto em 1972 e vigente desde então, que determina a "pena de eliminação definitiva nos casos em que for demonstrado, por meio de inquérito, ter o aluno praticado falta considerada grave".

O regimento proíbe os alunos e funcionários de, entre outras coisas, "promover manifestação ou propaganda de caráter político-partidário, racial ou religioso, bem como incitar, promover ou apoiar ausências coletivas aos trabalhos escolares".

A reportagem não conseguiu contato com os alunos envolvidos.

Enviado por: Renato - UFRRJ

Reitor da USP expulsa seis alunos por ocupação em 2010

O reitor da USP, João Grandino Rodas, expulsou seis alunos da universidade sob acusação de terem ocupado salas do Coseas (Coordenadoria de Assistência Social) em março de 2010.


A expulsão foi publicada neste sábado nas páginas do "Diário Oficial" de São Paulo, após processo administrativo disciplinar movido pelo Coseas contra os alunos.

Segundo o despacho do reitor Rodas, foram desligados da universidade dois alunos da ECA (Escola de Comunicação e Artes) e quatro alunos da FFLCH (Faculdade de Filosofia Letras e Ciências Humanas).

Ao todo treze alunos foram processados; cinco foram absolvidos por falta de provas e outros dois foram julgados culpados, mas não fazem mais parte da universidade.

Os alunos foram punidos por uma suposta participação na invasão do bloco da sala da assistência social, localizado no Bloco G da universidade, feito por um grupo de alunos moradores do Crusp que reivindicavam, entre outras coisas, a melhoria nas condições de moradia e o aumento do número de vagas no conjunto residencial da universidade.

Intitulado "Moradia Retomada", pois as salas pertenciam originalmente ao Crusp, a ocupação causou a mudança da sede da assistência social. Alguns estudantes passaram a morar nos blocos ocupados, após a devolução dos bens públicos e pessoais que estavam dentro do prédio. Mesmo após uma ordem de reintegração de posse dada pela Justiça, a situação não foi resolvida.

A expulsão teve como base o artigo 249, IV, do Regimento Interno da USP, instaurado por decreto em 1972 e vigente desde então, que determina a "pena de eliminação definitiva nos casos em que for demonstrado, por meio de inquérito, ter o aluno praticado falta considerada grave".

O regimento proíbe os alunos e funcionários de, entre outras coisas, "promover manifestação ou propaganda de caráter político-partidário, racial ou religioso, bem como incitar, promover ou apoiar ausências coletivas aos trabalhos escolares".

A reportagem não conseguiu contato com os alunos envolvidos.


REPROVADOS

Uma turma inteira de uma disciplina do curso de filosofia da USP foi reprovada por excesso de faltas, decorrentes da greve de estudantes iniciada mês passado.

Os cerca de 60 alunos estavam matriculados na disciplina história da filosofia contemporânea 2, que exige frequência mínima de 70%.

"Não foi um ato de vontade meu. Simplesmente os alunos precisam ter frequência mínima e não tiveram. Não posso produzir documento público falso", afirmou nesta sexta-feira o professor Carlos Alberto Ribeiro de Moura.

O centro acadêmico do curso de filosofia disse que vai recorrer das reprovações no Conselho de Graduação da faculdade. "As aulas não foram dadas, por isso, não pode dizer que não houve frequência", disse uma integrante que se identificou como Maria.

Ela disse que Moura foi o único professor que reprovou uma turma inteira por conta da greve. Os outros docentes, disse, compensaram as faltas com trabalhos ou recuperação.

A greve dos estudantes foi deflagrada para exigir a saída da Polícia Militar do campus da universidade.
Fonte: Folha.com
Por: RAPHAEL SASSAKI
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

17/12/2011