quarta-feira, 25 de maio de 2011

Alunos reclamam da falta de segurança nas universidades

Medo aumentou após a morte de um estudante durante um assalto na USP. Falta iluminação e segurança nos locais investigados pelo Jornal Hoje.

Na maior universidade da América Latina, a USP, os alunos agora só andam em grupo, principalmente à noite. É o medo que aumentou após a morte de um estudante durante um assalto. Em boa parte do campus falta iluminação

“Já tentaram me assaltar três vezes, mas eu consegui perceber que estavam se aproximando. Uns sujeitos que já tinha tentado me assaltar outra vez. Aí consegui fugir”, relata o biólogo Fábio Góes

Em uma rua ao lado da USP, a universidade mantém uma portaria de pedestre. Na placa a informação é que depois da 20h a entrada é controlada. Mas mesmo depois do horário, é possível entrar sem qualquer impedimento. Não há nem sinal dos vigias.

Tudo escuro também na Universidade do Piauí. É impossível reconhecer quem anda por lá à noite. O problema é maior para os estudantes que moram em alojamentos no campus.

No Centro de Ciência Agrária, por exemplo, os estudantes não saem mais a noite com medo da violência. O posto da polícia responsável pela segurança do centro esta fechado há mais de um ano.

“Aqui à noite nós vamos para os alojamentos e ficamos com medo por conta da falta de policiamento no campus”, diz o estudante Euriglauco Mendes Vieira.

Mas durante o dia os estudantes também ficam inseguros. Na Universidade Federal da Bahia, perto do acesso para a Faculdade de Física, o lugar virou depósito de entulho e de lixo. Acaba servindo também para outras coisas e é possível encontrar restos de oferendas. Seguindo adiante, chega-se a mais uma área de mata fechada. Neste local, não se encontrou nenhuma vigilância.

"Alguns amigos e colegas já foram assaltados dentro da instituição", conta o estudante Flavio Araújo.

Mais de 70 homens fazem a segurança do campus, por onde circulam diariamente mais de cinco mil estudantes na Bahia.
Já em Rondônia, a maior preocupação é a falta de segurança. São apenas quatro homens para vigiar todo o complexo, quando o ideal seria no mínimo dez vigilantes.

Vigilância que também é cobrada pelos estudantes no Rio de Janeiro. São 35 mil alunos de quase 500 cursos de graduação e pós-graduação que circulam todos os dias pelo campus da Universidade Federal do Rio de Janeiro. Diante dos casos de violência e das reclamações dos estudantes, dos professores e dos funcionários, a própria universidade fez um mapeamento dos pontos mais visados pelos bandidos. Um deles fica em frente ao Hospital Universitário e o crime mais comum é o roubo e furto de carros.

“Você chega e seu carro está arrombado. Dá uma sensação de que você tem que ficar atenta o tempo todo. Não pode ficar tranquila”, explica Joana Lins.

Em todas as universidades públicas, muitos alunos que se esforçaram durante anos para conseguir uma vaga e que deveriam ter tranquilidade para aprender, agora têm um só sentimento. “O aluno se sente inseguro, meio desamparado. Você fica bem sozinho aqui. Não tem muito o que fazer não”, conclui Bruno Fernandes, aluno de medicina.
Na USP, o policiamento foi reforçado desde a morte do estudante. A universidade já definiu um plano emergencial de segurança.
A assessoria da Universidade Federal do Piauí explicou que já foram investidos mais de 200 mil reais na manutenção da iluminação este ano e a polícia militar vai tentar reativar o posto de vigilância que está abandonado no campus.
A federal da Bahia promete dobrar este ano o número de vigilantes e de câmeras, além de melhorar a iluminação.
Já a UFRJ garantiu que vigilantes e policiais militares fazem patrulhamento na cidade universitária. Lembrou que a segurança também é feita por câmeras instaladas no campus e que o número de ocorrências caiu nos últimos anos.
Jornal Hoje tentou falar com a Universidade Federal de Rondônia, mas não obteve retorno.
Enviado por: Renato - UFRRJ