sexta-feira, 29 de abril de 2011

LINHA DURA NA UFMG

JORNAL ESTADO DE MINAS - 27.04.2011

Com taxa crescente de violência no câmpus, universidade suspende festas estudantis e venda de bebidas alcoólicas.

Documentos serão exigidos a partir das 21h em duas entradas do câmpus.

A Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) quer fechar o cerco a uma onda crescente de violência no câmpus Pampulha. Ontem foi publicada a portaria 34/11, que suspende, temporariamente, festas estudantis, como calouradas e vinhadas, e também a venda de bebidas alcóolicas. Outra medida restritiva é o controle de entrada de pessoas a partir das 21h. Depois deste horário, o acesso será permitido somente pelas entradas das avenidas Antônio Carlos e Carlos Luz, mediante dados pessoais do visitante, como nome, identidade e placa do veículo. As novas regras passam a vigorar a partir de amanhã.

A linha-dura adotada pela reitoria da UFMG ocorre menos de um mês depois do lançamento da campanha Bocados de Gentileza, uma tentativa amigável de estabelecer um clima de segurança e de respeito no trânsito local. Dados da UFMG mostram que o número de ocorrências na universidade passou de quatro em abril de 2010, para 17 nos primeiros 15 dias deste mês. Enquanto no mesmo período do ano passado foram três casos graves e um leve, somente nesta primeira quinzena foram cinco leves, seis médias, quatro graves e duas gravíssimas.

“Nós, diretores, nos reunimos e decidimos tomar uma medida emergencial diante do aumento de casos de danos ao patrimônio e de agressões físicas que têm ocorrido na universidade especialmente no fim de março e início de abril. O problema não está relacionado só às festas, mas, com a realização desses eventos, o câmpus fica aberto e ficamos vulneráveis com a entrada de pessoas estranhas, especialmente à noite”, afirmou a vice-reitora Rocksane de Carvalho Norton.

Ela afirma, no entanto, que a portaria é transitória e pode ter alteração até que os fatos sejam esclarecidos e soluções sejam encontradas. A vice-reitora antecipou que na terça-feira irá se reunir com a comunidade acadêmica para ouvir os alunos e discutir os problemas.

Entre os casos de violência registrados nos últimos dias, Rocksane destaca um assalto a estudantes no laboratório do Departamento de Física há um mês, quando notebooks de alunos foram levados pelos assaltantes. Salas das faculdade de Engenharia e de Filosofia e Ciências Humanas foram arrombadas e se tornaram alvo de vandalismo, conforme a vice-reitora. Ainda segundo ela, há denúncias de homofobia, com agressão a um casal homossexual, queixa de música alta nas ruas do câmpus e até mesmo de disparos de arma de fogo. A segurança no interior da UFMG é feita por um setor próprio, a Divisão de Segurança Universitária. Por meio de um convênio, o 3º Esquadrão da Cavalaria da Polícia Militar está autorizado a fazer a ronda no interior do câmpus, mas não tem poder de atuação direta, ou seja, só em casos de ser acionada.

ESTUDANTES Para o coordenador geral do Diretório Central dos Estudantes (DCE) e diretor da União Nacional dos Estudantes, Matheus Malta, a reitoria foi precipitada em publicar a portaria. “Não dá para esconder que existem problemas de violência dentro da universidade, como agressões e porte de arma. Mas qualquer mudança maior do cotidiano no câmpus deve ser tomada depois de ser discutida com a comunidade acadêmica e isso não foi feito”, disse. Malta fez críticas à restrição de entrada na UFMG após as 21h. Segundo ele, a revista pessoal que será realizada após esse horário não coíbe a entrada de pessoas armadas no campus, o que pode ser registrado antes desse horário.

Enviado por: Manoel do Patrocínio